Clube de Canoagem Punaré

O Clube nasce da união de canoístas e caiaqueiros com o proposito de difundir e incentivar a pratica da canoagem em nosso Estado em suas mais diversas modalidade, não só como atividade físicas mas também como ferramenta de inclusão social e educação ambiental.

O Clube é patrocinado por Caiaque Lontras.

domingo, 16 de setembro de 2012

Clube de Canoagem Punaré - Caiacada Caeiras X Nazária

Tamarineira no Povoado Caeiras

Levantando acampamento

Porto das Caeiras
Lançando barco n'água

Gamação


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Diário de Bordo da Expedição Rio Parnaíba Etapa Amarante/Teresina 180 km

Um caiaque duplo Orca e dois Caiaques Lontras que foram testados e aprovados em longas expedições
O Rio Parnaíba nasce na chapada das Mangabeiras, a quase mil metros de altura, da confluência de vários cursos d'água, destacando-se, Águas Quentes na divisa do Piauí com o Maranhão, o Curriola e o Lontra no Piauí, e o Parnaíbinha do lado do Maranhão. Percorre uma extensão de 1.845 km,  aproximadamente, percorrendo vários municípios e compreendendo três cursos: Alto Parnaíba, o Médio Parnaíba e o Baixo Parnaíba. Servindo de divisor natural entre os Estados do Piauí e do Maranhão até o oceano atlântico mais precisamente no Delta do Parnaíba sendo o único Delta das Américas a desaguar em mar aberto.
Pedra do Rosto
A região do médio Parnaíba é conhecida por suas belas paisagens naturais e por sua gente hospitaleira, recortada por brejos, riachos e de um relevo recheado de serras, serrotes e morros. Criando um ambiente propício à prática de Esportes de Aventura, aliando a isso a proximidade com a capital nos fez iniciar com o trecho entre Amarante e Teresina (180 km) a nossa serie de expedições de caiaque percorrendo todo o Rio Parnaíba, o segundo maior rio da região Nordeste e o maior genuinamente nordestino, essa primeira expedição também teve a missão de oficializar a criação do Clube de Canoagem Punaré. Tendo como referencia uma expedição anterior feita de Teresina até União também pelo rio Parnaíba. Nos programamos pra fazer uma média de trinta quilômetros por dia o que levaríamos seis dias pra vencer os cento e oitenta proposto.

Preparando as máquinas
Tínhamos programado sair dia dezessete (17/11/2010) quarta-feira, mas por compromissos profissionais só podemos sair de Teresina às 22h30min da noite do dia dezoito de novembro quinta-feira, equipe formada nessa empreitada por mim Alexander Galvão (Documentarista e Fotógrafo) com um caiaque Lontras, Fábio Barbosa (Editor de Imagens) em outro caiaque Lontra e Edivaldo Frutuoso “Gamação” (Técnico e Árbitro de Basquetebol) e Adriano Canaã (Estradeiro e Técnico em Enfermagem) em um Caiaque Orca duplo e nosso piloto do carro de apoio Lucas Galvão (Professor), com a equipe já ansiosa pegamos a estrada, percurso de descida programado para um pouco mais de cento e oitenta quilômetros saindo da ponte sobre o Rio Canindé na rodovia - PI 130, aproximadamente dez quilômetros acima de Amarante e chegada no Iate Clube de Teresina, viagem tranquila, exceto a euforia de parte da tripulação já exaltada devida a espera demorada e molhada num barzinho próximo da produtora, onde a disputa pra saber quem iria voltar pra buscar parte dos mantimentos esquecidos em casa já ganhava corpo.

Conferindo a carga

Chegamos a Amarante à uma hora da manhã, paramos no posto de gasolina na entrada da cidade abastecemos carro e tripulação e seguimos até a ponte do Rio Canindé, infelizmente com pouca água e muito castigado, todo bem que esse não é o seu período de cheia, mas anos atrás nesse mesmo período ele já estava com boa parte de seu leito encoberto e hoje o rio se encontra muito assoreado nesse ultimo trajeto antes de desembocar no Velho Monge, retornamos a Amarante mesmo com parte da tripulação querendo descer o Canindé de qualquer jeito remando no belo clarão da lua.

Fiscalizando o local da dormida
Vista geral do nosso primeiro acampamento / Cais de Amarante
Armamos nosso acampamento em um bar ao lado da rampa do cais de Amarante, e que já estava fechado afinal de contas já passava das duas da manhã, finalmente encher colchões e armar redes para o merecido descanso até a hora da partida, com a “baladeira” colocada em local estratégico para observar o belo e antigo casario da beira do rio me veio a cabeça a imagem daquele cais no seu auge, cheio de barcas e barcaças amarrotadas dos mais variados artigos, os produtos locais e da região sendo embarcados rumo aos portos de Parnaíba e Tutóia com destino aos mais importantes portos da Europa e de lá vinham os produtos manufaturados desde os mais finos tecidos até as mais pesados maquinas e até tratores num comércio pujante e promissor, ai pra me lembrar que os tempos são outros passa um “Inspetor de Quarteirão”, não mais com um simples apito e sua saudosa “Magrela”, mas sim em uma moto com um alarme de acordar até defunto em cemitério, e por falar em fantasmas, me veio também a imagem do jovem poeta Da Costa e Silva perambulando por àquelas esquinas bebendo seu vinho, cuspindo sua poesia e observando o “Velho Monge” correr, assim entre um imaginar, um passar de carro ou moto vem chegando a barra do dia sem ter dado tempo ao descanso do corpo embora tenha recarregado a alma.

Pescador do Velho Monge ao amanhecer / Cais de Amarante

Cais de Amarante com Morro da Santa Cruz ao fundo em S. F do Maranhão
“Clareou fez manhã” na margem do Rio Parnaíba com o deslumbrante visual do Morro da Cruz em São Francisco do Maranhão ao som dos belíssimos cantos dos pássaros e do barulho do Fábio procurando a carteira com toda sua grana além do telefone celular e algo mais perdido na noite anterior, depois de muito especular chegou se a conclusão de que só poderia ter ficado no carro de apoio que voltou pra Teresina na noite anterior, bola pra frente, agora é desarmar acampamento e arrumar as tralhas nos caiaques, feito isso e refeitas as contas com a grana que ficou fomos conhecer o Mercado Público de Amarante, e claro tomar o tradicional café da cidade, acho que se você quer conhecer uma cidade e seu povo tem que visitar o Mercado Público, é lá onde encontramos muito da culinária, dos costumes e da tradição de um lugar e onde você tem contato direto com as pessoas.


Fábio, Eu, D. Severina, Gama, D. Teresinha e Adriano no Mercado de Amarante 5:40hs
Como reza a boa tradição dos mercados às cinco e meia da manhã Dona Severina e Dona Teresinha já tinham pronto um quebra-jejum de primeira com as mais diversas iguarias; o famoso “pingado”, bolo de todo tipo, cuscuz, bolo frito, ovinho caipira, carne de sol e o que mais o camarada pedi, além da simpatia estampada nos dentes, depois de todos “forrarem” a barriga e comprar algumas bananas finalmente partimos as quinze para as seis do cais de Amarante rumo a Teresina.

Barcas no Velho Monge ao amanhecer

Os últimos ajustes
Gamação e Adriano Canaã

Comemorando o começo da Expedição

Adriano Canaã

Belissima paisagem no começo da expedição
Bem diferente do previsto o dia chegou fechado e com muitas nuvens o que é ruim para fotografias e imagens, porém o clima mais ameno facilitou as remadas nesse primeiro trecho que tem um belíssimo conjunto de serrotes e morros com as mais diversas formações que lembram varias figuras, é só relaxar e deixar a criatividade fluir, logo na primeira curva do rio com um pouco mais de seis quilômetros de remadas já começamos a observar no lado do Maranhão a “Pedra do Rosto” 

Pedra do Rosto
Também batizada por nossa equipe de “Pedra do Índio” um belo paredão rochoso que finda numa pedra onde se vê com clareza a imagem de um rosto, um pouco mais abaixo já do lado piauiense vemos a “Pedra da Catedral” e no final de um "retão" de aproximadamente uns oito quilômetros avistamos o “Morro das Araras”, imagens que nos acompanham por um bom tempo.
Morro da Arara
Alexander Galvão com Morro da Arara ao fundo
Segundo nossos levantamentos teríamos uma parada na Adique para o rancho do almoço, um belíssimo balneário entrando uns cento e cinquenta metros no Riacho do mesmo nome, no local indicado passamos pelo riacho, só que como o nível da água no riacho estava muito baixo não foi possível adentrar, seguimos em frente meio frustrados e pra nossa surpresa poucos metros abaixo nos deparamos com a entrada de outro riacho este bem mais largo e fundo, instalada a discórdia, o Riacho da Adique seria aquele ou o outro que tínhamos deixado pra traz? Só tínhamos um jeito de resolver o impasse remar riacho adentro, e descobrir, remamos uns cinquenta metros e tivemos que abandonar os caiaque e seguir andando.

Foz do Riacho da Prata até onde é possivel ir de caiaque

Abandonando os caiaque para explorar o Riacho da Prata
A Bica do Riacho da Prata
Canion do Riacho da Prata
A caminhada logo nos presenteou com um visual de encher os olhos, um pequeno cânion serpenteava por entre a vegetação com corredeiras e pequenas quedas d’água, encontramos alguns patos o que indicava a existência de casa na redondeza que avistamos um pouco mais a frente, nos aproximamos de uma casa onde tinha uma mulher catando arroz na varanda, Dona Raimunda moradora da localidade que logo nos confirmou que já tínhamos passado realmente da Adique e que ali era a Fazenda da Prata, recebia esse nome em função do belo Riacho da Prata que corria em suas terras. Depois das informações e duma água gelada partimos rumo ao Morro da Arara onde tínhamos redefinido que seria o local  de nosso almoço.

Fazenda da Prata
Com Dona Raimundinha e suas filhas na Fazenda da Prata
Casa de Dona Raimundinha na Fazenda da Prata

Equipe na Bica do Riacho da Prata
Toda a beleza do Riacho da Prata

Fábio, Gamação, Adriano Canaã e Alexander Galvão no Riacho da Prata
Quando comecei a fazer o levantamento desse trecho do rio a imagem que mais me chamou a atenção foi a do Morro da Arara, um morro com aproximadamente uns cem metros de altura bem na margem mas tão na margem que o rio literalmente levou metade dele, bem próximo tem um povoado de onde se tem acesso a um platô no alto do morro inicialmente tínhamos planejado pernoitar lá mas como não fizemos os dez quilômetros de Rio Canindé e andamos bem em função do tempo nublado chegamos ao morro ao meio dia e quarenta, este trecho fica localizado numa curva, num ponto estreito do rio onde a correnteza é muito forte, criando barrancos de até dois metros mas margens o que dificulta a ancoragem, pegos de surpresa passamos do barranco que serve de porto para o povoado e tivemos que fazer muito esforço pra subirmos a correnteza de volta até o ancoradouro, batalha vencida aportamos e fomos até o povoado para nos informar qual o melhor caminho para o topo do morro, para nossa decepção parecia cidade fantasma, tudo deserto, apenas o sol que tinha dado trégua resolveu aparecer e abrir o olho. 
 
Remando rumo ao Morro da Arara
O Parnaíba com suas águas verdes no Morro da Arara

Gama e Adriano remando forte pra vencer a correnteza depois de perder o local da ancoragem
Aproximação para explorar a caverna do Morro da Arara
Margem proximo do Morro da Arara com vegetação preservada
A outra banda do morro o rio levou
Morro da Arara ficando para traz
Uma hora da tarde, calor forte, fome, sol quente e sem saber ao certo o caminho para o morro resolvemos então voltar para os caiaques e seguir rio abaixo até acharmos um local plano com sombra e de fácil acesso para montarmos o acampamento para o rango e um merecido descanso enquanto o sol dava uma trégua, por sorte a pouco mais de dois quilômetros abaixo do Morro da Arara encontramos um local perfeito, um lajedo na margem do rio com muita sombra e local pra armar as redes pro cochilo reparador depois do almoço, primeiro uma rápida distribuição de tarefas e reconhecimento da área, cardápio escolhido, o velho e bom Macarrão com sardinha, levando-se em conta a rapidez no preparo já que todos estavam morrendo de fome, todos saciados foi só bater na rede e apagar, despertamos depois de duas horas de um bom descanso com a presença de mulheres “batendo” roupa no lagedo e uma molecada tomando banho na maior bagunça, acampamento desfeito e rapidamente estávamos novamente na água.



Identificado onde estávamos checamos à distância percorrida, constatamos que tínhamos remado pouco mais de vinte e cinco quilômetros e que ainda teríamos trinta até Palmeirais onde pretendíamos pernoitar, aproveitamos já que todos tinham comido bem e descansado, para dar uma “esticada”, vínhamos numa média de cinco km/h e com essa “puxada” chegamos a imprimir uma velocidade de dezoito km/h, tudo bem que foi por apenas longos cinco minutos, mas apesar de não conseguir segurar essa velocidade por muito tempo nos conseguimos elevar a média para nove km/h, foi ai que vimos que não seriam necessários os seis dias e começamos a programar a expedição para quatro dias de descida. 


Morro Cabeça de Frade no lado Piauiense
O esforço do ritmo puxado e a preocupação de ganhar tempo são recompensados com a magnífica paisagem da região, que nos proporciona com seu relevo de morros e serrotes nos dois lados do rio um espetáculo de rara beleza, um dos morros que se destaca nesse cenário do lado Maranhense é o Morro do Garrafão próximo ao povoado Água Fria, principalmente num fim de tarde de céu vermelho como aquele que nos era presenteado.

Morro do Garrafão no lado Maranhense

Remamos duro até o sol sumir por completo, seguros de que agora faltava pouco resolvemos “clipar” os caiaques para descer descansando e claro tomar uma pra saudar a lua que tava pra chegar, e nessa de toma uma pra lua, desce um pouquinho, toma mais outra pra lua e deixa descer é que fomos “na bubuia” até Palmeiras, chegamos ao porto por volta de oito da noite todos com fome e bastante cansados depois de ter vencido 55 km de remadas, atracamos e demos logo de cara com um restaurante bem simpático e com um nome bastante sugestivo “Tibungo”, resolvemos então não fazer nossa comida e sim comer no restaurante, menos trabalho e ainda era o “barro” pra descolar o pernoite, não deu outra Dona Teresinha nos serviu uma Carne de Sol e uma Galinha Caipira de lamber os beiços e ainda quebrou nosso galho na dormida, não contamos conversa foi comer armar rede e dormir.

Igreja Matriz de Palmeirais
Na manhã seguinte nos levantamos bem cedo, então é que podemos perceber a beleza do lugar, rapidamente desmontamos o acampamento, deixamos as tralhas já arrumadas nos caiaques e fomos dar uma volta na cidade e claro procurar o mercado para tomar aquele cafezinho. 

Equipe rumo ao Mercado Municipal para o café da manhã
Palmeiras é uma cidade do Estado do Piauí com um pouco mais de 13.700 habitantes e com uma área 1.449,18 km² sendo uma zona de transição entre cerrado e caatinga e com densa mata de babaçuais, cidade aparentemente bem organizada e limpa.


Mercado Municipal de Palmeirais

O novo galpão de frutas e verduras do Mercado Municipal de Palmeirais
O Mercado Publico foi recém reformado e construído um galpão ao lado para frutas e verduras liberando espaço em volta do mercado e melhorando o fluxo de pessoas, também foi reformada a área para alimentação onde foram construídos “quiosques”, não sei por que, mas foi o local que mais gostamos do mercado, vai vê que foi pelo belo café da manhã com muito cuscuz e carne de sol. Feito os registros e de bucho cheio voltamos para o porto, chegando ao “Tibungo” tivemos o prazer de conhecer seu proprietário que apesar do nome mitológico “Minotauro” é um capoeirista tranqüilão e gente boa que já garantiu guarita sempre que um caiaqueiro passar por lá.

O Grande "Minotauro" e Dona Teresinha no Tibungo, nossa casa em Palmeirais
Zarpamos as sete e quarenta de Palmeiras, tendo como meta dormir em Parnarama município maranhense 40 km rio abaixo, tempo nublado ameaçando chover. Com pouco mais de um quilometro passamos na foz do Riacho do Cadoz no lado piauiense, local muito bonito e já bastante movimentado àquela hora da manhã com pessoas banhando e lavando os animais e como não poderia faltar a molecada em fila pulando do barrando no rio na maior algazarra.

Foz do Riacho Cadoz na saída de Palmeirais
É uma pena que em função do tempo pré-estabelecido a gente não possa demorar o tempo que gostaríamos em alguns lugares e sendo assim nos despedimos de mais algumas das varias amizades feitas ao logo de todo o percurso e continuamos a “estrada”.
Balsa no porto do Povoado Ribeirão Azul visto de longe
Remamos mais um cinco quilômetros e então chegamos ao povoado de Ribeirão Azul ainda no município de São Francisco do Maranhão, é um importante porto, contando com uma balsa da Capitania dos Portos do Piauí que faz a ligação entre os dois Estados.

Chegando ao porto do Povoado Ribeirão Azul
Porto do Povoado Ribeirão Azul
Balsa da Capitania dos Portos no porto do Povoado Ribeirão Azul
Balsa da Capitania dos Portos no porto do Povoado Ribeirão Azul
De longe avistamos na margem do rio uma mangueira centenária carregada de “Manga Rosa”, tribulação rapidamente desembarcada e cumprindo ordens de juntar o que der pra levar. Com a despensa abastecida vimos que o povoado se estendia além da margem e tinha energia elétrica, ou seja, cerveja gelada, ai resolvemos dar uma caminhada para conhecer o lugar e aproveitar para troca nossa água quente por gelada.

Casa típica do povoado Ribeirão azul
Povoado Ribeirão Azul
"Uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar remando melhor" povoado Ribeirão Azul
Percebemos se tratar de um povoado com um casario antigo, com uma arquitetura típica da região com casas com a presença de poucas portas e muitas janelas, tomamos uma, fizemos algumas fotos e seguimos em frente.
Casario antigo no povoado Ribeirão Azul, destaque para a quantidade de janelas
 


Comemos tanta manga que ninguém se lembrou de parar para almoçar, aproveitamos para dar uma puxadinha na remada só que depois de dois dias nublado o sol abriu e nos convenceu a procurar abrigo, seguimos pelo lado do Maranhão buscando refugio na sombra formada pela copa das árvores, depois de umas boas remadas chegamos ao povoado Barra do Saco o ultimo povoado de São Francisco.
Chegando ao povoado Barra do Saco
Povoado Barra do Saco

Fábio chegando ao povoado Barra do Saco
Em alguns pontos a água é tão tranparente que ganha um tom verde / Povoado Barra do Saco

Chegando ao povoado Barra do Saco
Um pouco mais a frente encontramos o Povoado de Araçás o primeiro do município de Parnarama ambos do lado maranhense, demoramos pouco, apenas o suficiente para algumas fotos e coleta de informações sobre a região e logo estávamos de volta à água.

Porto do povoado Araçás

Casas no povoado Araçás o primeiro no municipio de Parnarama
Equipe com pescadores do povoado Araçás na sombra de um pé de tamarindo que segundo eles tem mais de 300 anos.
Pescadores do povoado Araçás

Pescador do povoado Araçás
Um pouco mais a frente um momento de adrenalina, o rio faz uma curva acentuada a direita escondendo uma pedreira que cruza de um lado ao outro do rio e seu leito ainda sofre um estreitamento o que cria um turbilhão com vários redemoinhos formando verdadeiros buracos na superfície da água por sorte vimos com antecedência e passamos bem próximo da margem onde a correnteza era mais tranquila. 

Fim de tarde de ouro


Fim de tarde espetacular, do lado do Maranhão um pôr-do-sol de cartão postal sobre a mata de Babaçu e do lado do Piauí uma lua véspera de lua cheia chegando redonda e branca. 


Com o tempo ganho nas fortes remadas podemos “clipar” os caiaques e descer ao sabor da correnteza contemplando o belo espetáculo da natureza que naquele lugar, naquele momento era oferecido exclusivamente para nos, pra fechar a tarde com chave de ouro ao contornarmos outra curva do rio encontramos uma “coroa”, um banco de areia que se forma no meio do rio, onde brotam belas praias de areia branca ai resolvemos parar para descansar, comer um peixinho e desfrutar melhor o visual, terminamos curtindo tanto que relaxamos geral e passamos mais tempo do que o programado.


Fábio garantindo o jantar

 



 
O belo espetáculo da lua cheia



Só que junto com a noite veio uma mudança no tempo e rapidamente formou-se um temporal que se deslocava em nossa direção, foi juntar tudo rápido e remar forte os quinze quilômetros que ainda tínhamos pra vencer para chegarmos a Parnarama antes da chuva, depois de umas boas remadas com um céu vermelho em função dos relâmpagos que caiam próximo, isso nos dava uma boa visibilidade da bela formação rochosa do lugar, foi ai que chegamos a região do Povoado Castelhano, uma curva onde o rio sofre um estreitamento e a correnteza ganha força o que nos fez desenvolver uma boa velocidade média nesse trecho, logo após outra curva já era possível ver umas luzes a principio achávamos que fosse da cidade, só depois de chegar mais perto, é que vimos que se tratavam das Balsas que fazem a travessia de uma margem a outra, de longe já vínhamos ouvindo um sistema de som desses de parque de diversão anunciando uma jóia de leilão, logo percebemos que estava acontecendo alguma movimentação na cidade, um barqueiro ancorado no cais confirmou nossa suspeita, chegamos em pleno festejo da cidade, apesar do tempo fechadíssimo resolvemos dar uma olhada no festejo, comer alguma coisa e procurar abrigo para dormir, ancoramos num ponto fora do cais pois com a cidade agitada tinha muita gente nas proximidades.

Parnarama em festejo
Cidade toda arrumada, palco armado, crianças no parquinho, leilão de um capão pra ajudar na reforma da igreja, tudo certo, só não se lembram de combinar com São Pedro, fomos até uma barraca pedimos uma cerveja e quatro espetinhos, mal sentamos e a chuva já vinha rasgando bucho das nuvens, lembramos que os caiaques tinham ficado sem cobertura ai foi engolir e correr, resolvemos acampar do lado do Piauí já que tinha muita movimentação na cidade. Com vento forte atravessamos com dificuldade, já chegamos à outra margem com chuva, logo em frente na ribanceira tinha uma “latada” onde durante o dia funcionava um ponto de moto-taxi, começamos a descarregar os caiaques o levar as coisas para lá só que logo vimos que ela não nos daria abrigo com aquele toró que vinha caindo, então nos separamos de baixo de chuva para procurara abrigo, Adriano conseguiu com o chefe de plantão do posto fiscal da fazenda a varanda da casa de apoio deles, apesar dos respingos e dos sapos foi nosso lar e abrigo naquela noite onde depois de um belo sopão de saco tivemos nosso merecido descanso.

Preparando o café da manhã
 



Não sei se por denuncia ou por coincidência muito cedo recebemos a visita de uma viatura da policia, chegaram por acolá catando manga como quem não quer nada e logo já estavam dando uma geral e perguntando o que agente fazia ali, depois de tudo devidamente esclarecido e ainda com um sereno de dar preguiça começamos a desarmar as redes e juntar as coisas, aos poucos o sol foi aparecendo e abrindo o olho enquanto uns providenciavam nosso café da manhã outros colocavam eletrônicos pra secar, definitivamente eu vi que é besteira levar equipamentos que não seja aprova d’água ou que não esteja devidamente protegido, mesmo com tudo cuidado meu equipamento estava escorrendo água de dentro, ai vai uma dica, sempre que você molhar um equipamento eletrônico não o ligue molhado, tire as baterias e cartões e coloque pra secar e só depois de bem seco é que você volta a ligar, lembramos que precisávamos recarregar as baterias e pilhas e liberar espaço nos cartões de memória, combinamos tomar café levantar acampamento e atravessar pra procurar uma lan house na cidade, pra nossa sorte não foi difícil achar uma na avenida principal, só que sabe como é internet no interior né¿ ainda é a lenha, resultado levamos a manhã toda para conseguirmos desenrolar tudo, ai resolvemos então almoçar logo e só a uma e meia da tarde é que voltamos pra água.


Preparando para atravessar para Parnarama








Cais do Porto de Parnarama
Lado Piauiense em frente a cidade de Parnarama
Prefeitura de Parnarama - Maranhão

Balsa da empresa Pipes que faz a travessia em Parnarama
Moto Taxi do Galeno no lado Piauiense

Senhor esperando a Balsa
Com o dilúvio que caiu na noite anterior o nível do rio tinha subido bastante o que aumentou muito a correnteza, os riachos e ribeirões da região tiveram seus leitos lavados e toda a sorte de sujeiras jogadas na calha do rio, descemos alguns quilômetros em meio a troncos, galhos, palhas e até a carcaça de um cavalo, foi fugindo dessa carcaça que percebemos que a sujeira era apenas do lado maranhense, é que o rio segue durante muito tempo sem misturar suas águas, como não tínhamos remado nada pela manhã e a correnteza estava ajudando.

Barca fazendo a travessia para Parnarama
Remamos forte para recuperar o tempo perdido, passando por uma enorme Ingazeira notamos a presença de algo grande se mexendo na copa e antes que pudéssemos nos aproximar para fotografar, levantou voo um casal de inhuma, ave com mais de metro e meio de envergadura, é surpreendente ver um bicho daquele tamanho voando, inicialmente ele decola meio que sem jeito, mas com três ou quatro batidas de asas já tá em pleno voo planando com suas enormes asas, indo fazer posse para fotos numa coroa no meio do rio.


A gigantesca Inhuma em pleno voo
Nessa foto é possivel notar a diferença de tamanho da garça para o casal de inhuma
É muito comum ver casais dessas aves nessa região, aliás apesar das agressões a natureza vistos durante todo o percurso podemos observar varias espécies de aves. Nesse belo cenário remamos forte até o fim da tarde quando novamente nos é oferecido um por do sol espetacular, então clipamos os caiaques e deixamos por conta da força do rio, descemos contemplando a natureza e observando de um lado o fim de mais um dia e do outro uma lua cheia que prometia uma noite linda.
 

É chegada a noite com um clarão que mais perecia dia um luar tão intenso que remávamos sem as lanternas e com perfeita visibilidade o que era ótimo pois tínhamos feito pouco mais da metade do percurso de quarenta quilômetros planejado para aquele dia, seguimos remando leve, meio que hipnotizados pela beleza do luar e quando demos por conta ja estava dando onze horas, resolvemos então procurar um porto para armarmos nosso acampamento, logo abaixo começamos a ouvir barulho de civilização e após uma curva avistamos um povoado no lado piauiense, ao nos aproximarmos observamos que se tratava de um grande lajedo ideal para nosso pernoite ao chegarmos mais próximo vimos dois adolescentes em atitudes suspeitas pensamos em abandonar o porto mas resolvemos encostar e conversar com eles notamos que apesar de embriagados não apresentavam perigo e ficamos sabendo que ali se tratava do povoado Caeiras distante ainda quinze quilômetros de Nazária, aportamos e enquanto uma parte armara o acampamento outros começaram a providenciar uma bela Maria Isabel com uma Carne de Sol que nos acompanhava deste o inicio da expedição e que diga-se de passagem ficou primeiríssima, servido o banquete foi devorado rapidamente, lembrando que isso tudo iluminado por um belíssimo luar, mesmo muito cansados foi difícil fechar os olhos e dormir vendo toda aquela beleza.

Parece dia mas estas duas fotos forão batidas as vinte e três horas e apenas com a luz da lua
 

Já bem cedinho começamos a observar pessoas chegando para banhar ou escovar os dentes aos poucos isso foi aumentando e logo o lajeado já estava cheio, desde jovens curando a ressaca da noitada anterior ou lustrando sua moto, mulheres que "areavam os térens", até senhoras batendo roupa com blusas que deixavam expostas enorme tetas que já alimentaram boa parte daquela meninada que corria e dava tibungos no rio embalados pelos gritos e xingamentos de sua vó.


Povoado Caeiras

O Cuscuz deu até para as galinhas

Mulheres batendo roupa
 




Nos levantamos e preparamos nosso café da manhã reforçado com chocolate, cuscuz, ovos e carne de sol, quando a comida começou a cheirar os bichos vieram pra cima da gente, eram galinhas, patos, porcos e claro a meninada, sei que quando terminamos, metade dos meninos ali presente estava de barriga cheia, ai já sabe como é uma amizade que se conquista pelo bucho.








De repente estávamos tão a vontade com aquele povo que parecia que já conhecíamos um a um bem de perto, não deu outra como sempre aparece um pra disser; Vamos tomar só "uma" pra drindar! ai lascou, uma jovem que deixava entender não ter dormido ainda vinha chegando com uma bacia de louças para lavar gritou; Eu sei onde tem bem geladinha! Nessa brincadeira só conseguimos sair de Caeiras as onze horas e depois de varias saideiras.


Já embarcados demos uma checada nos equipamentos e vimos que ainda tínhamos quase cinquenta quilômetros até nosso destino final, como todos nós já estávamos cansados e com saudades da comidinha e do calorzinho de nossas companheiras resolvemos "dar um couro" e tentar dormir aquela noite em casa, com um pouco mais de duas horas já estávamos passando por Nazária o que nos motivou mais ainda a mantermos o ritmo forte que vinhamos fazendo e levamos tão a serio que tenho pouco o que relatar pois foi cabeça baixa e remada forte, as seis horas da tarde avistamos o distrito industrial de Teresina, ai foi dar uma relaxar nas remadas e curtir os últimos quinze quilômetros de nossa expedição, já entrando na cidade fizemos contato com a equipe de apoio e as nove horas da noite estávamos aportando no cais do Iate Clube de Teresina.

Depois de cento e oitenta quilômetros, paisagens belíssimas e muita história pra contar o prazer e a sensação de dever comprido faz você esquecer a dor nos braços, a dor nas costas e a bunda murcha após quatro dias de molho, só quem passa por uma experiencia como essa é capaz de mensurar o quanto isso é benéfico para o ser humano, não só pelo exercício físico mas também pelo bem que isso faz pra cabeça da gente, é você vencer seus limites, é aprender que você tem que remar pra sair do lugar e que tem que ser com calma, uma remada depois da outra, que não adianta você querer dar tudo de uma vez pois mais na frente você vai precisar de energia pra continuar, como diria a campanha publicitária de um certo cartão de crédito, isso não tem preço.

Clube de Canoagem Punaré